quarta-feira, 6 de maio de 2009

CORONEL DE CAÇAPAVA

Caçapava está sob comando de um Coronel. Eleito é bem verdade, mas não pela maioria, já que conquistou em torno de 1/3 dos votos para Prefeito. A leitura por quem assim se elege, deveria ocorrer pelo inverso, isto é, em torno de 2/3 da população não o queria como prefeito. Tal leitura, entretanto, seria feita pelos humildes, que não é o caso do Coronel, pelo que tem demonstrado. O estado de beligerância da sua relação com a Câmara de Vereadores é resquício da formação militar que possui, onde a hierarquia é tudo e sobre ela não existe qualquer discussão. Deveria entender, que o Poder Executivo Municipal, que representa, não lhe confere poder sobre o Legislativo e tampouco subserviência deste ao seu comando. Cada um no seu quadrado. Trata a Câmara Municipal como se fossem soldados rebelados e, de rebenque em punho, alardeia a “burrice” dos vereadores. Ele é o inteligente, por conseqüência. Falta só o castigo. Não duvidem que ordene aos vereadores ao não aprovarem um projeto maluco qualquer, que “pague” cinqüenta ou cem flexões. A política municipal não estava preparada para a sua vasta experiência como alguma coisa na prefeitura de Lages em Santa Catarina. Pelo que li até agora, o único pecado da Câmara Municipal, foi de se omitir com relação ao fracionamento do valor da obra do asfalto da Rua 15 de novembro, para fugir, como ele próprio referiu na imprensa local em 28 de fevereiro de 2009, do processo de licitação. A lei 8.666/93 veda este ardil, classificando tal ato como crime na forma de seu art. 89. Acho que tal fato deveria ser investigado mais amiúde. Até aqui os vereadores cumpriram bem o seu papel. Não aceitar prato pronto e, no mínimo, discutir projetos, é o que esperamos de nossos vereadores. O truque de jogar para a torcida e colocar esta contra um Poder, pode funcionar para uns, mas por pouco tempo. Em breve esses se darão conta dos equívocos. Os atos do Coronel e os fatos que daí decorreram, foram antevistos pelas pessoas de Caçapava. Todos diziam que haveria constantes trocas de secretários, assim como a briga com o vice-prefeito foi facilmente prevista. Pode ter ocorrido diferenças nas previsões quanto ao tempo de duração das relações, mas quanto ao fato em si, todos acertaram. E não precisa ser vidente ou qualquer outra coisa que valha. Os militares são previsíveis, sabemos das suas limitações, embora eles não possuam noção disto.
Fernando Augusto Silveira Alves

Um comentário:

  1. Como diria o mano Caetano e as últimas notícias do Congresso e Senado confirmam: política é o fim! Mas neste caso nem se trata disso. Trata-se de inabilidade política. Texto bem escrito. Gostei.

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