segunda-feira, 25 de maio de 2009

OS LOCAIS

Sábado à tarde fui com a Gabi em um desses cafés do Bairro Bom Fim. Um com mesinhas na rua. No café, que estava quase cheio, havia uma moça que tudo fazia para mostrar o quanto conhecia e era conhecida no café. Era uma “local”. Me dei conta de como as pessoas gostam de ser conhecidas em determinados bares e restaurantes. Gostam de chamar os garçons pelo nome e também de serem chamadas assim, principalmente por apelidos, se tiverem um. Os “locais” não são aqueles que chegam no Barranco e pedem lombinho com queijo, ou na Caverna do Ratão e pedem bolinho de carne com queijo. Esses pedidos são óbvios para os “locais”. Eles pedem o que ninguém pede, aquilo que julgam só eles saberem da existência. De preferência que não esteja no cardápio. Sentam sempre na mesma mesa e não fazem o pedido. No máximo respondem ao garçom com um “o de sempre”, e, lógico, o garçom sempre sabe. Acompanhados com não locais no local, “os locais” contam sua história como local no local. Chamam o garçom como testemunha, nunca o dono ou o gerente, porque “local” é amigo do garçom. Conhece o dono, se dá com o dono, mas é amigo do garçom. Tem dia certo para ir no bar e adora ouvir do garçom, com público a sua volta evidentemente, por que não veio na semana passada ? Sua glória é quando o garçom arremata: “não veio por que não quis, debitei na tua conta”. Isto é o máximo para o “local”. Acho o máximo ser local de bar. Teve uma época que quase cheguei a ser um na Caverna do Ratão. Chamava o Charles, misto de garçom e de dono, por Charles e, além do chopp que não precisava pedir, comia a fritada (uma espécie de omelete de queijo e presunto, com tomate, orégano e pão de forma) e não o famoso bolinho de carne com queijo, que, eventualmente, também era comido. Saudade da Caverna.

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